O que é o Dia Internacional da Mulher e como começou a ser comemorado?
Suas sementes foram plantadas em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres.
A proposta de tornar a data internacional veio de uma mulher chamada Clara Zetkin, ativista comunista e defensora dos direitos das mulheres. Em 1910 durante a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, a ideia foi aprovada por unanimidade.
Foi oficializado pela ONU em 1975, e se tornou uma ocasião para celebrar os avanços das mulheres na sociedade, na política e na economia, enquanto suas raízes políticas significam que greves e protestos são organizados para aumentar a conscientização em relação à contínua desigualdade de gênero.
A relação dos movimentos trabalhistas com o Dia da Mulher
O artigo 8 de março: conquistas e controvérsias, escrito pela socióloga Eva Alterman Blay, publicado em 2001, resgata que a origem do Dia da Mulher pode ser traçada nos movimentos operários do fim do século 19 e início do século 20, principalmente nos Estados Unidos e Europa.
Em um contexto de início de industrialização fabril, os trabalhadores – que eram em sua maioria mulheres e crianças – realizavam sucessivas manifestações por melhores condições de trabalho e salários, redução das jornadas e proibição do trabalho infantil. Nesse cenário, surge em 1903 a Liga Sindical Feminina (WTUL), uma organização de trabalhadoras, que no último domingo de fevereiro de 1908 fizeram uma manifestação batizada de “Dia da Mulher”. O ato foi repetido no ano seguinte, em Manhattan.
No início do século 20, trabalhadoras organizavam movimentos em várias partes do mundo, paralelamente aos protestos norte-americanos. De acordo com a publicação de Blay, um momento marcante foi a participação da alemã Clara Zetkin no 2º Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, que ocorreu em 191, em Compenhague, em que ela propôs a criação do Dia Internacional da Mulher sem definir uma data.
Entretanto, a professora aponta outros acontecimentos que acabaram por consolidar a data atual do Dia da Mulher, como o incêndio que acometeu a fábrica da Companhia de Blusas Triângulo, em Nova York, no dia 25 de março de 1011. No dia do incêndio, algumas portas da fábrica estavam fechadas a fim de evitar a saída de trabalhadores para as greves. Morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens.
Para Blay, o momento mais importante foi a greve organizada por trabalhadoras russas do setor de tecelagem, realizada com apoio de metalúrgicos. No dia 8 de março de 1917, cerca de 90 mil operárias manifestaram-se contra as más condições de trabalho, a fome, a participação russa na Primeira Guerra Mundial e o czar Nicolau II. O protesto ficou conhecido como “Pão e Paz” e foi considerado com um dos primeiros momentos da Revolução Bolchevique.
Por que as pessoas usam a cor roxa?
Roxo, verde e branco são as cores do Dia Internacional das Mulheres, de acordo com o site oficial. Roxo significa justiça e dignidade. Verde simboliza esperança. Branco representa a pureza, embora seja um conceito controverso.
Por que precisamos disso?
Segundo a Agência Patricia Galvão, todos os dias, um número significativo de mulheres, jovens e meninas são submetidas a alguma forma de violência no Brasil. Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. O pais é o 5º com maior taxa de homicídio de mulheres.
Segundo Carmen Hein de Campos, no artigo “Como evitar ‘mortes anunciadas’” da Agência Patrícia Galvão, as mortes são evitáveis porque há uma série de violências que são constituintes e antecedentes a ela. O feminicídio é a consequência. Então, temos que ter um olhar muito mais cuidadoso para o que veio antes.
Alguns mecanismos que atuam para a perpetuação da violência até o desfecho fatal repetem-se em muitos casos, configurando assim um status de mortes “anunciadas”: a tolerância social às diversas formas de violência contra as mulheres, a insuficiência dos serviços públicos de atendimento, segurança e justiça, a negligência de profissionais que atuam nesses serviços, a impunidade a até a proteção de autores de violência por meio da culpabilização da mulher pela violência sofrida. Sentimento de posse e o machismo também estão presentes nos casos de familiares e conviventes que praticam violências sexuais contra meninas e mulheres.
Diante de um cenário de violências cotidianas e extremas contra as mulheres no país, o primeiro passo é efetivar amplamente os direitos já existentes, implementando serviços, replicado experiências exitosas, capacitações e recomendações que apontam caminhos mais eficazes de proteção imediata à vida das mulheres.
De acordo com a advogada Aline Yamamoto, no artigo “Quais são os serviços existentes e seus limites?” da Agência Patrícia Galvão, o principal avanço que o Brasil alcançou com a sanção da Lei Maria da Penha foi respaldar a institucionalidade necessária para que as políticas para as mulheres se estruturassem. Como por exemplo, as Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar os Feminicídios, as Casas da Mulher Brasileira e Programa Mulher Viver sem Violência, Perícia com perspectiva de gênero na Sala Lilás, Patrulhas Maria da Penha e dispositivos de emergência dentre outros.
Como denunciar?
Para situações em que a violência esteja acontecendo naquele momento, ligue o número 190.
Para denunciar anonimamente a violência, telefone para 181.
FONTES:
REDAÇÃO NATIONAL GEOGRAPHIC. Porque o Dia da Mulher é celebrado em 8 de março? Nacional Geographic. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/03/por-que-o-dia-da-mulher-e-celebrado-em-8-de-marco.
BBC NEWS BRASIL. O que é o Dia Internacional das Mulheres e como começou a ser comemorado. BBC NEWS, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60646605.
PCPR, Denunciar violência física ou sexual contra a mulher. PCPR. Disponível em: https://www.policiacivil.pr.gov.br/servicos/Servicos/Cidadania/Denunciar-violencia-fisica-ou-sexual-contra-a-mulher-0GNA6J38.
Diversos artigos retirados do Instituto Patricia Galvão – Dossiê Violência contra as Mulheres. Disponível em: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia-em-dados/.
תגובות